quinta-feira, 24 de março de 2011

Nunca mais te vou ver. Nunca mais te vou ver na vida.
Mas porque raio é que isso me dói tanto?

2 comentários:

  1. "Não sei de amor senão o amor perdido
    o amor que só se tem de nunca o ter
    procuro em cada corpo o nunca tido
    e é esse que não pára de doer.

    Não sei de amor senão o amor ferido
    de tanto te encontrar e te perder.

    Não sei de amor senão o não ter tido
    teu corpo que não cesso de perder
    nem de outro modo sei se tem sentido
    este amor que só vive de não ter
    o teu corpo que é meu porque perdido
    não sei de amor senão esse doer.

    Não sei de amor senão esse perder
    teu corpo tão sem ti e nunca tido
    para sempre só meu de nunca o ter
    teu corpo que me dói no corpo ferido
    onde não deixou nunca de doer
    não sei de amor senão o amor perdido.

    Não sei de amor senão o sem sentido
    deste amor que não morre por morrer
    o teu corpo tão nu nunca despido
    o teu corpo tão vivo de o perder
    neste amor que só é de não ter sido
    não sei de amor senão esse não ter.

    Não sei de amor senão o não haver
    Amor que dure mais que o não tido.
    Há um corpo que não pára de doer
    só esse é que não morre de tão perdido
    só esse é sempre meu de nunca o ser
    não sei de amor senão o amor ferido.

    Não sei de amor senão o tempo ido
    em que amor era amor de puro arder
    tudo passa mas não o não ter tido
    o teu corpo de ser e de não ser
    só esse é meu por nunca ter ardido
    não sei de amor senão esse perder.

    Cintilante na noite um corpo ferido
    só nele de o não ter tido eu hei-de arder
    não sei de amor senão amor perdido."
    - Manuel Alegre


    (isto disse-me muito, a mim, o poema também fala para ti? Lembrou-me. Te.)

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